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Cruzeiro pelo Havaí: Entre Oceanos, Vulcões e Praias
Navegar pelo Havaí é muito mais do que chegar a portos paradisíacos — é deslizar entre vulcões ativos, praias de areias douradas e águas cristalinas, enquanto cada ilha revela histórias, cultura e paisagens únicas. De Honolulu a Hilo, cada escala transforma a viagem em uma verdadeira imersão na essência do arquipélago, mostrando que a experiência do cruzeiro vai muito além do conforto do navio: é sentir o mar, o vento e a autenticidade havaiana em cada parada.
AMÉRICASHAVAÍOCEANO PACÍFICO
The Roaming Purser
12/14/202422 min read


Havaí a Bordo: Desembarques em Três Portos Inesquecíveis
Viajar de navio pelo Havaí é uma jornada que fica gravada na memória de quem cruza o Pacífico. Não se trata apenas das paisagens vulcânicas ou das praias de cartão-postal — mas da forma como cada ilha recebe seus visitantes. Cada porto tem um ritmo próprio, uma estrutura distinta e uma atmosfera que molda a experiência desde o momento em que o navio lança âncora.
Antes mesmo do desembarque, já é possível notar as diferenças: a organização do cais, o movimento dos tenders, a agilidade do processo de chegada. Alguns portos oferecem atracação direta, com desembarque rápido e prático; outros exigem paciência e fila, com o tender boat transformando-se em parte da vivência. São contrastes que não aparecem em brochuras turísticas, mas que definem como cada escala será aproveitada.
Três portos havaianos se destacam exatamente por isso. Cada um apresenta uma logística de chegada única e um primeiro impacto marcante ao pisar em terra firme. É nessa transição entre o mar e a ilha que se entende como o Havaí oferece experiências diferentes em cada escala.
Para quem está planejando um cruzeiro pelo arquipélago, conhecer essas particularidades pode ajudar a ajustar expectativas e até mesmo a organizar melhor o tempo em terra. Afinal, o Havaí não é apenas destino — é também a forma como se chega até ele.
Por: Elisa Magalhães


Primeiros Passos em Oahu: A Chegada a Honolulu Pelo Porto
Chegar a Honolulu de navio é um espetáculo à parte. O Honolulu Harbor, principal porto da cidade, está situado em posição estratégica, no coração urbano da ilha de Oahu. A aproximação já revela o contraste que define a capital havaiana: um horizonte de arranha-céus modernos que se ergue diante de montanhas vulcânicas, lembrando a todo instante que o Havaí é uma fusão entre natureza e cidade.
O Desembarque
O processo de chegada costuma ser fluido e bem estruturado, reflexo da infraestrutura portuária que Honolulu oferece aos grandes cruzeiros. Aqui não há necessidade de tender boats: o navio atraca diretamente no terminal, permitindo que o desembarque aconteça de forma prática, sem etapas adicionais. Essa diferença logística faz com que o tempo em terra seja otimizado desde os primeiros minutos.
Logo ao pisar no cais, o visitante é recebido com a hospitalidade característica do arquipélago. Músicos com ukulele, hula ao vivo e, em algumas ocasiões, o tradicional colar de flores – o lei havaiano – criam um ambiente que imediatamente transporta para a cultura local. Essa recepção calorosa, é mais do que um detalhe: é um marco simbólico que transforma a chegada em experiência.
Honolulu não se apresenta de forma tímida — o porto mostra, logo no desembarque, que a capital é a porta de entrada para a mistura única entre urbanidade e espírito havaiano.


O Que Esperar nos Arredores do Porto
Ao sair do terminal de cruzeiros em Honolulu, a sensação imediata é de estar em uma área conectada diretamente ao cotidiano da cidade. O cais se abre para pontos históricos e culturais que podem ser explorados a pé, permitindo que o passageiro aproveite desde os primeiros minutos em terra.
Aloha Tower – Ícone de Honolulu desde 1926, essa torre de observação foi, durante décadas, o edifício mais alto do Havaí. Símbolo de boas-vindas a quem chegava de navio, ainda hoje oferece uma vista panorâmica privilegiada do porto e da cidade. Para o viajante, é um lembrete de como o mar sempre foi a principal porta de entrada do arquipélago.
Downtown Honolulu – A poucos passos do porto, o centro financeiro revela um cenário de contrastes. Prédios históricos que remetem ao período do Reino do Havaí convivem com construções modernas, formando um retrato do encontro entre tradição e metrópole.
Chinatown – Em direção oeste, a algumas quadras do cais, surge uma das áreas mais autênticas da cidade. O bairro reúne mercados abertos, templos, restaurantes de culinária asiática e pequenas lojas locais, refletindo a diversidade cultural que moldou a ilha ao longo das décadas.
Para quem prefere começar pela praia, Waikiki Beach está a cerca de 15 minutos de carro. Táxis, ônibus e serviços de shuttle costumam estar disponíveis logo na saída do terminal, garantindo acesso rápido ao litoral mais famoso do Havaí.
Assim, os arredores do porto de Honolulu oferecem um recorte imediato da identidade havaiana: história, diversidade e paisagens urbanas que se misturam à recepção calorosa já marcada pela música e pela dança tradicionais.


Explorando o Centro de Honolulu: O Que Ver e Fazer
O centro de Honolulu fica a poucos minutos de caminhada do terminal de cruzeiros, tornando-se uma escolha prática para sentir o ritmo da cidade sem depender de transporte. Longe da imagem de praias ensolaradas normalmente associada ao Havaí, essa área revela o lado urbano e histórico da capital, onde edifícios governamentais, arquitetura preservada e pontos culturais convivem com o movimento do dia a dia.
Ao percorrer a região, o Iolani Palace se destaca como único palácio real em território norte-americano, residência dos últimos monarcas do Reino do Havaí. Aberto a visitantes, preserva móveis originais e objetos históricos que ajudam a compreender a transição da monarquia para a anexação pelos Estados Unidos. Próximo dali, o Aliiolani Hale, sede do Supremo Tribunal do Havaí, chama atenção pela imponente estátua dourada do Rei Kamehameha I, símbolo da unificação das ilhas e ponto de referência para quem caminha pelo centro.
Ainda no coração urbano, o Hawaii State Capitol, construído em 1969, impressiona pela arquitetura moderna inspirada na geografia local, com colunas que lembram palmeiras, um pátio aberto ao céu e um lago que simboliza o Pacífico. O edifício está aberto para visitas, oferecendo uma visão do papel político do Havaí nos Estados Unidos. E não muito distante, Chinatown revela sua autenticidade com mercados de frutas tropicais, lojas de ervas medicinais e uma intensa cena gastronômica asiática, perfeita para uma pausa rápida durante a escala.
Para quem precisa repor itens de viagem ou buscar compras rápidas, há opções acessíveis como o Ross Dress for Less, ideal para garimpar roupas e acessórios a preços reduzidos, além de H Mart e Walmart, ambos a curta distância do cais e práticos para adquirir lanches, bebidas ou souvenirs mais econômicos do que nas áreas turísticas como Waikiki.
Explorar o centro de Honolulu é entrar em contato com um lado menos óbvio da cidade: não se trata de praias ou resorts, mas de história, cultura e cotidiano. Por estar tão próximo do porto, essa experiência urbana pode ser vivida de forma prática, em algumas horas, antes de seguir para outros pontos da ilha.


Da Orla ao Paraíso: Caminhando do Porto até Waikiki Beach
Para quem gosta de explorar cidades a pé, a caminhada do terminal de cruzeiros de Honolulu até Waikiki Beach oferece uma experiência que combina ritmo urbano, paisagens litorâneas e pequenas surpresas culturais. O trajeto tem cerca de 5 km e pode ser percorrido em aproximadamente uma hora, mas ir sem pressa permite absorver os detalhes que tornam a cidade única.
Saindo do Porto: Aloha Tower e a Orla
Logo ao deixar o cais, o viajante se depara com a Aloha Tower, marco histórico de Honolulu com sua torre de observação que proporciona vistas panorâmicas do porto e do entorno. A região ao redor também reúne lojas e restaurantes, sendo uma parada perfeita para um café ou um breve descanso antes de seguir.
Seguindo pela Ala Moana Boulevard, a paisagem muda gradualmente: a avenida margeia a orla, revelando áreas de lazer e arte urbana. O Kaka‘ako Waterfront Park oferece um espaço verde à beira-mar, ideal para fotos rápidas ou um momento de contemplação. Um pouco adiante, Salt at Our Kaka‘ako combina cafés, lojas locais e murais de arte de rua, compondo uma experiência moderna e descontraída da cidade.
O caminho continua pelo Ala Moana Beach Park, um dos maiores parques à beira-mar de Honolulu, onde moradores e visitantes se encontram para caminhar, praticar esportes aquáticos ou simplesmente relaxar na extensa faixa de areia de águas calmas. É um retrato do cotidiano local, misturando lazer e natureza.
Ala Moana Center e o Luxuoso Hilton Hawaiian Village
Pouco além do parque, surge o Ala Moana Center, reconhecido como o maior shopping a céu aberto do mundo. Mesmo para quem está apenas em escala, vale observar as lojas e a praça de alimentação, que oferecem desde opções rápidas a pratos tradicionais da culinária havaiana.
Seguindo pela orla, o Hilton Hawaiian Village se apresenta como um dos resorts mais emblemáticos de Honolulu. O complexo inclui jardins tropicais, lagos artificiais e um canal com pedalinhos, além da Duke Kahanamoku Beach, a praia em frente ao resort, ideal para banho e esportes aquáticos. Mesmo sem estar hospedado, é possível circular pelas áreas abertas e sentir a atmosfera do local.
Chegando a Waikiki Beach
Finalmente, a caminhada leva ao coração de Waikiki, onde a Kalakaua Avenue concentra hotéis luxuosos, restaurantes variados e lojas de grife. Ao longo do percurso, a Estátua de Duke Kahanamoku homenageia o lendário surfista que ajudou a popularizar o esporte no Havaí, marcando a transição entre a orla urbana e a praia icônica.
Essa caminhada do porto até Waikiki oferece um panorama completo de Honolulu, misturando história, cultura local, natureza e sofisticação à beira-mar. Para quem prefere, há também ônibus e táxis que encurtam o trajeto, mas percorrer o caminho a pé permite absorver cada detalhe desta cidade vibrante.


Honolulu Zoo: Um Passeio Tranquilo no Fim da Orla
No final da orla de Waikiki, próximo ao Kapiolani Park, o Honolulu Zoo se apresenta como uma opção leve para quem busca um passeio diferente do agito das praias e centros urbanos, ideal especialmente para famílias ou quem aprecia a vida selvagem. Localizado a cerca de 5 km do porto, o zoológico é acessível a pé, para quem gosta de caminhar pela orla, ou por táxi, ônibus e serviços de shuttle.
O zoológico abriga mais de 900 animais de diversas partes do mundo, incluindo espécies típicas da Ásia, África e do próprio Havaí. Entre os destaques estão os leões, tigres e elefantes africanos da área de savana, hipopótamos, flamingos e crocodilos da seção aquática, além de espécies nativas do Havaí, como o nene, ave símbolo do estado. O réptilário completa a experiência com tartarugas gigantes e lagartos exóticos, oferecendo uma diversidade que agrada a diferentes perfis de visitantes.
O ambiente é tranquilo e agradável, com amplas áreas verdes e sombra natural das árvores tropicais, tornando a visita confortável mesmo nos dias mais quentes. O passeio pode durar de 1h30 a 2h, dependendo do ritmo de exploração, permitindo que se combine com outros roteiros na região.
Para quem deseja estender o dia, o zoológico fica próximo à entrada da trilha de Diamond Head e ao lado de Waikiki Beach, o que facilita um roteiro que mescle natureza, praia e vida selvagem. Com ingressos a partir de 20 dólares, é uma alternativa educativa e relaxante, perfeita para quem quer conhecer a fauna do Havaí sem se distanciar do litoral e do porto.


Pearl Harbor: O Passeio Histórico Mais Procurado
Entre os tours mais procurados por quem desembarca em Honolulu está o passeio a Pearl Harbor, um marco que combina história, reflexão e homenagem. Mesmo para quem opta por outros roteiros, é impossível não notar o grande número de passageiros que se dirigem ao local, atraídos pela importância histórica do ataque de 7 de dezembro de 1941 e seu impacto na Segunda Guerra Mundial.
O USS Arizona Memorial é o principal ponto de interesse. Construído sobre o encouraçado afundado, o memorial proporciona uma experiência contemplativa única, permitindo compreender a dimensão do ataque surpresa e prestar homenagem aos soldados que perderam a vida naquele dia. Além do Arizona, o passeio inclui o USS Missouri, famoso encouraçado onde o Japão assinou sua rendição, encerrando oficialmente o conflito no Pacífico.
O Museu da Aviação de Pearl Harbor complementa a visita com uma coleção impressionante de aeronaves de combate e exposições interativas, oferecendo uma visão detalhada da história militar e da tecnologia da época.
Este passeio vai além da história: é também uma oportunidade de reflexão e homenagem aos heróis do passado. Para quem deseja participar, os ingressos começam a partir de 50 dólares, e a reserva antecipada é recomendada, já que a demanda é intensa, especialmente com navio em porto.


Oahu Grand Circle Island Tour: a volta completa pela ilha
O Oahu Grand Circle Island Tour é uma das formas mais práticas e bem avaliadas de conhecer a ilha em um único dia, partindo diretamente de Honolulu. Diferente dos passeios hop-on hop-off, aqui o viajante segue do início ao fim no mesmo veículo, com um itinerário organizado que percorre os principais pontos de Oahu e retorna ao ponto de partida.
As paradas, geralmente de cerca de 20 minutos, oferecem tempo suficiente para contemplar e fotografar cenários como o Diamond Head State Monument, o Halona Blowhole, a Ponta de Makapuʻu, o Laie Temple, além do Kualoa Regional Park, a Dole Plantation e a famosa Turtle Beach, onde muitas vezes tartarugas aparecem descansando na areia.
No percurso, há ainda um intervalo de aproximadamente uma hora para o almoço (não incluso), com a tradicional parada no Tanaka Kahuku Shrimp. Breves visitas a fazendas de frutas, café e macadâmia completam o roteiro, trazendo também os sabores locais à experiência.
É um tour que combina praticidade e diversidade, permitindo ver Oahu de ponta a ponta em um só dia, sem preocupações com deslocamentos extras e aproveitando ao máximo a escala no Havaí.


Gastronomia Havaiana: Sabores Locais e a Presença do Hooters em Honolulu
A culinária do Havaí reflete a diversidade cultural do arquipélago, resultado da fusão de tradições polinésias, asiáticas, americanas e de outros grupos imigrantes. Entre os pratos típicos, o plate lunch se destaca como uma verdadeira síntese dessas influências: arroz, macarrão e uma proteína como frango, peixe ou carne de porco, servidos em generosas porções que conquistam tanto os moradores quanto os visitantes. Outro clássico é o poke, salada de peixe cru marinada — geralmente atum ou polvo — acompanhada de arroz, abacate e temperos frescos, que representa a riqueza dos sabores locais. Para sobremesa, o tradicional haupia, pudim de coco, traz um toque doce e autêntico da ilha.
Entre as opções mais procuradas pelos turistas próximos ao porto de Honolulu, o Hooters se destaca. Famoso nos Estados Unidos por sua comida casual, cerveja gelada e ambiente descontraído, tornou-se um ponto popular para quem chega ou parte da cidade. O cardápio inclui asas de frango apimentadas, batatas fritas e hambúrgueres, enquanto o ambiente informal cria uma atmosfera vibrante e acolhedora.
A localização do Hooters, próxima ao porto, facilita o acesso para cruzeiristas que buscam uma refeição rápida e descontraída antes ou depois do embarque. Sua popularidade combina simplicidade, sabor e um ambiente amigável, atraindo tanto turistas quanto moradores locais. Embora o restaurante tenha uma reputação ligada a um público jovem e descolado, sua presença em Honolulu oferece uma alternativa acessível e leve, complementando a experiência gastronômica da cidade, que transita entre a tradição havaiana e influências modernas da culinária americana.


Honolulu: O Que Esperar em Uma Escala
Honolulu é uma cidade que vai muito além de uma simples parada de cruzeiro. Limpa, acolhedora e organizada, oferece atrações que podem ser exploradas com planejamento, mesmo em algumas horas: praias icônicas, centros históricos e experiências urbanas que revelam a cultura e o ritmo local.
Para o cruzeirista, a cidade combina conforto, segurança e praticidade, permitindo aproveitar a gastronomia, passeios e compras sem pressa. Ao deixar Honolulu rumo a Lahaina, fica a sensação de que ainda há muito mais a descobrir, tornando cada escala uma oportunidade memorável.


Porto de Lahaina: Memórias de um Desembarque Antes da Tragédia
Embora o porto de Lahaina esteja fechado para cruzeiros desde os incêndios de agosto de 2023, quem já visitou a cidade, seja desembarcando pelo tender boat ou explorando suas ruas antes da tragédia, sabe o quanto o local tinha charme e personalidade. A chegada ao coração da cidade por pequenos barcos proporcionava vistas deslumbrantes da costa, das águas azul-turquesa e da atmosfera acolhedora de uma vila histórica com ruas charmosas e vida local vibrante.
O incêndio de 2023, o mais mortal da história do Havaí, atingiu com maior força a histórica cidade de Lahaina, na península oeste de Maui, reduzindo grande parte da cidade a cinzas e ruínas. Muitas vidas foram perdidas, e residências, comércios, hotéis históricos e pontos culturais foram completamente destruídos. O impacto foi tão profundo que a cidade, como era conhecida, provavelmente nunca será reconstruída da mesma forma, devido a questões geográficas, logísticas e legais.
Para o cruzeirista ou qualquer visitante, isso significa que Lahaina não é mais uma escala tradicional de turismo. Hoje, o que se percebe a partir do mar é a extensão da devastação, a força da tragédia e a memória de uma cidade que um dia foi um destino vibrante e icônico do Havaí. A experiência deixa clara a gravidade do evento e o impacto profundo sobre a comunidade local, oferecendo uma perspectiva de respeito e reflexão sobre o que essas ilhas enfrentaram.


Lahaina: A Vila Praiana que Pulsava com os Cruzeiros
Quando um cruzeiro chegava a Lahaina, a cidade imediatamente se transformava. Passageiros desembarcavam pelos tenders e fluíam pelas ruas, enchendo a Front Street de energia e movimento. Cafés, lojas, galerias de arte e restaurantes à beira-mar recebiam visitantes que caminhavam, exploravam e se encantavam com a mistura de cultura havaiana, arquitetura colonial e a paisagem marítima deslumbrante.
O centro histórico respirava vida: moradores e turistas conviviam lado a lado, enquanto a vila mantinha seu charme praiano e acolhedor. A atmosfera era marcada por risos, aromas da culinária local e o som do mar ao fundo, compondo uma experiência memorável que capturava a essência de Maui.


Observação de Baleias: Lahaina Antes e Depois da Tragédia
Antes da tragédia, a principal atração de Lahaina era, sem dúvida, a observação de baleias-jubarte, que migravam para as águas quentes de Maui durante o inverno do Hemisfério Norte (dezembro a abril). Os cruzeiristas podiam embarcar em passeios partindo do Lahaina Harbor ou simplesmente avistar essas gigantescas criaturas marinhas do deck do navio, criando finais de tarde memoráveis navegando pela costa havaiana. Durante o trajeto, era comum vê-las saltando, batendo suas caudas na água e interagindo entre si — cenas que transformavam a chegada a Lahaina em uma experiência mágica e inesquecível.
Hoje, com a cidade devastada, a indústria local de observação de baleias enfrenta grandes desafios. Muitos dos operadores e infraestrutura que sustentavam os tours foram afetados, e o porto não está mais em funcionamento para receber navios de cruzeiro. Ainda assim, a vida marinha da região continua ativa.
O encanto das baleias, antes o ponto alto de qualquer visita a Lahaina, hoje permanece como um lembrete da força da natureza e da fragilidade da cidade, que encara a devastação e a incerteza sobre o que ainda poderá ser reconstruído.
Deixando para trás as memórias de Lahaina, o navio segue para Hilo, onde a natureza exuberante e a força dos vulcões recebem os cruzeiristas em uma nova página do Havaí.


Chegada ao Porto de Hilo: O Que Esperar
Enquanto Honolulu impressiona com seu porto estruturado e cidade urbana vibrante, e Lahaina encantava com seu charme histórico e chegada pelos tender boats, Hilo oferece uma experiência tranquila e autêntica, cercada por vegetação tropical e vulcões imponentes. Aqui, a cidade parece respirar no próprio ritmo, longe da agitação e do fluxo intenso de turistas.
O porto de Hilo é funcional e direto: o desembarque é feito no píer principal, sem necessidade de tender boat. Nos arredores imediatos, há algumas barracas com souvenirs, vendedores locais e pequenas empresas de turismo oferecendo passeios, mas a área portuária é discreta e pouco estruturada. Diferente de Honolulu, onde o terminal fica a passos de lojas e atrações, e de Lahaina, com sua atmosfera charmosa e histórica, Hilo exige deslocamento para explorar o centro ou fazer compras, mas isso é recompensado pela atmosfera autêntica e pelo contato com a natureza.
O centro de Hilo fica a cerca de 3 km do porto, trajeto que pode ser percorrido a pé. Para maior comodidade, táxis, serviços de transporte por aplicativo e shuttles estão disponíveis logo na saída do terminal, minha opção foi o táxi. Ao caminhar pelo percurso, é possível observar o contraste entre a área portuária e o centro histórico, preparando o visitante para o charme discreto que Hilo oferece.


O Que Fazer no Centro de Hilo
O centro de Hilo mantém um charme único, bem diferente das áreas mais turísticas do Havaí. Aqui, a autenticidade predomina, com ruas tranquilas, edifícios históricos, lojinhas locais e mercados vibrantes, tudo rodeado por paisagens naturais exuberantes. Para quem chega de cruzeiro, explorar o centro é uma oportunidade de sentir o ritmo verdadeiro da cidade, mesmo em poucas horas.
Hilo Farmers Market – A cerca de 5 minutos a pé do centro, este mercado é parada obrigatória para quem quer provar frutas tropicais frescas, produtos artesanais e pratos típicos havaianos. Nos dias de maior movimento, quarta-feira e sábado, a variedade de barracas aumenta ainda mais, oferecendo uma experiência completa da cultura local.
Lojas e Cafés Locais – Caminhando pelas ruas centrais, você encontrará diversas lojinhas de souvenirs, galerias de arte e cafés charmosos. O Hilo Coffee Mill, a cerca de 10 minutos do porto, é destaque, oferecendo cafés especiais cultivados na Ilha Grande e um ambiente perfeito para uma pausa entre passeios.
Liliʻuokalani Gardens – A apenas 10 minutos de caminhada do centro, este jardim japonês encanta com lagos, pontes e trilhas, criando um espaço sereno para relaxar e apreciar a natureza em pleno Havaí.
Museu do Tsunami do Pacífico – A cerca de 1,5 km do porto, o Pacific Tsunami Museum oferece uma perspectiva histórica e educativa sobre os desastres naturais que atingiram Hilo, contando histórias de sobreviventes e a força da comunidade local.
Wailoa River State Park e a Estátua do Rei Kamehameha I – Situados próximos ao centro, o parque combina áreas verdes, trilhas para caminhadas e a icônica estátua do Rei Kamehameha I, símbolo histórico do Havaí, perfeito para fotos e para absorver um pouco da história local.
Como Explorar
O centro de Hilo é compacto e fácil de percorrer a pé, ideal para quem desembarca de cruzeiro e quer aproveitar algumas horas de exploração. Passear pelo mercado, visitar o museu, relaxar nos jardins e observar a vida local é suficiente para capturar a essência da cidade antes de retornar ao porto. Táxis, shuttles e serviços de transporte por aplicativo também estão disponíveis para quem prefere deslocamentos rápidos, garantindo flexibilidade durante a visita.


Rainbow Falls: A Beleza Natural de Hilo
Depois de explorar o centro de Hilo, optei por seguir até a Rainbow Falls, um passeio rápido, mas que transforma completamente a percepção da cidade. São apenas alguns minutos de táxi desde o porto, e, de repente, o cenário muda: as ruas tranquilas dão lugar ao verde intenso das florestas tropicais, anunciando que ali começa um Havaí diferente, mais silencioso e próximo da natureza.
A cachoeira tem cerca de 24 metros de altura e, apesar de não ser imensa, guarda um encanto que vai além da medida. Em dias ensolarados, a névoa formada pela queda d’água cria pequenos arco-íris que surgem e desaparecem em segundos, quase como se a paisagem respirasse. É justamente essa delicadeza — algo que não se controla e nem se prevê — que dá nome ao lugar e o torna especial.
O mirante principal, de acesso imediato, oferece uma visão completa da queda, emoldurada por árvores tropicais e pelo som constante da água. Para quem viaja de cruzeiro, essa é uma das raras atrações que se encaixam perfeitamente no tempo limitado de uma escala: simples de alcançar, rápida de visitar, mas capaz de marcar a memória como poucas.
Próximo à cachoeira, uma figueira-de-bengala centenária impressiona pelo tamanho e pelas raízes expostas, criando um cenário quase mítico. Muitos viajantes param ali para fotos, e é difícil não se sentir pequeno diante da força natural que essa árvore transmite. A combinação da queda d’água, da névoa colorida e da imponência da figueira faz da Rainbow Falls uma das imagens mais icônicas de Hilo.
Essa visita não exige muito tempo, mas oferece muito em retorno: a sensação de que o Havaí não é apenas mar e praia, mas também floresta, rio e silêncio. Uma lembrança que acompanha o cruzeirista de volta ao porto, quando o contraste entre o verde intenso da cachoeira e o azul profundo do oceano se fixa na memória como duas faces da mesma ilha.


O Rio Wailuku e as Memórias de Hilo
À primeira vista, suas águas parecem calmas, mas quem conhece a história sabe que já foi palco de grandes inundações. Em 1946, um tsunami fez o rio transbordar, devastando partes de Hilo. Décadas depois, em 2000, chuvas intensas novamente levaram pontes e ruas, lembrando que a cidade se construiu e se reconstruiu muitas vezes à beira desse mesmo rio.
Para quem visita Hilo de cruzeiro, perceber essa relação entre o rio, a cidade e a natureza ao redor é quase como aprender com a própria geografia local. Caminhar pelos arredores, observar a Rainbow Falls e o Wailuku é enxergar Hilo de um jeito que vai além da beleza das cachoeiras: é entender a força da natureza que moldou a cidade e a resiliência de sua comunidade.


Parque Nacional dos Vulcões: A Grande Atração de Hilo
O Parque Nacional dos Vulcões é, sem dúvida, a grande referência da Ilha Grande do Havaí. A maior parte dos tours e excursões de navio inclui o parque como parada central, refletindo a importância e a grandiosidade da experiência. Esses passeios costumam durar cerca de 8 horas, um dia inteiro de exploração que exige dedicação, e podem custar mais de 200 dólares por pessoa, considerando transporte, guias e entradas.
O parque fica a aproximadamente 30 km do porto de Hilo, um trajeto que justifica a duração do tour. Lá, é possível observar de perto vulcões ativos, campos de lava solidificada e fumarolas emergindo do solo, uma verdadeira demonstração da força que moldou a ilha. Além disso, cada ponto do parque conecta o visitante à história e cultura havaianas, tornando a visita uma experiência rica tanto em natureza quanto em conhecimento.
Para quem desembarca em Hilo, o Parque Nacional dos Vulcões representa uma imersão na grandiosidade natural do Havaí, uma experiência intensa e memorável que mostra o contraste entre a serenidade da cidade e a força impressionante da natureza.
Além do Parque Nacional dos Vulcões, Hilo guarda pequenas joias costeiras que surpreendem o visitante. Entre elas, as praias de areia preta, resultado da intensa atividade vulcânica da região, são um verdadeiro espetáculo natural. A mais famosa é a Punaluʻu Black Sand Beach, localizada a cerca de 48 km do porto de Hilo. Apesar da distância, quem tiver interesse em incluir a visita no roteiro será recompensado: a praia é famosa não apenas pela areia escura e dramática, mas também pela possibilidade de avistar tartarugas marinhas descansando à beira-mar. Em termos de estrutura, Punaluʻu conta com banheiros, áreas de piquenique e estacionamento, tornando a visita relativamente confortável mesmo em um passeio de meio dia ou combinado com outros pontos naturais da ilha.


Captain Cook Monument: Mar, História e Presença
Como amante do mar, não poderia deixar de mencionar o Captain Cook Monument, na Kealakekua Bay. Mesmo distante de Hilo e fora do alcance de uma escala de cruzeiro, sua presença impõe respeito. Encravado entre as rochas e abraçado pelo oceano, o monumento marca o local onde James Cook encontrou seu destino final em 1779.
Há algo hipnótico na visão da baía: o mar profundo, a cor intensa da água e a natureza que parece inabalável revelam a força da história e do lugar. Para quem ama navegar, o monumento é mais que uma referência histórica — é um símbolo do vínculo entre o homem, o mar e o tempo, lembrando que cada porto no Havaí guarda cenários que vão muito além das ruas e das praias.
Melhor Época e Clima para um Cruzeiro pelo Havaí
O Havaí tem clima tropical agradável o ano todo, com temperaturas entre 24°C e 30°C. Maio a outubro é a estação seca, ideal para aproveitar praias, parques e passeios ao ar livre. Entre novembro e abril, as chuvas são mais frequentes, especialmente em áreas verdes como Hilo e Big Island, mas ainda é possível curtir o cruzeiro.
Escolher a estação seca aumenta suas chances de ver baleias, explorar cachoeiras e caminhar por cidades históricas, garantindo que cada parada seja aproveitada ao máximo.
Temporada de Cruzeiros pelo Havaí: Honolulu e Hilo Firmes no Roteiro
A temporada de cruzeiros pelo Havaí ganha força durante o inverno no hemisfério norte, entre outubro e abril, quando viajantes de várias partes do mundo buscam fugir do frio e aproveitar o clima tropical. Mesmo fora dessa janela, o arquipélago recebe embarcações quase o ano inteiro, mantendo Honolulu e Hilo como escalas firmes nos roteiros. A maioria dos cruzeiros parte da costa oeste dos Estados Unidos — Los Angeles, San Francisco e Seattle — e até do Canadá, com Vancouver servindo como ponto de partida ou retorno no início e no fim da temporada.
Alguns roteiros exploram apenas as ilhas havaianas, oferecendo uma imersão completa na beleza natural, cultura e história do arquipélago. Para o cruzeirista, cada viagem revela o Havaí de forma única, mostrando que o verdadeiro charme do arquipélago está tanto nas águas do oceano quanto na riqueza de cada porto visitado.


Conclusão:
Um destino dos sonhos para qualquer viajante, o Havaí cumpre o que promete. Além da beleza natural que encanta a cada escala, o arquipélago se destaca por ser um lugar seguro, bem estruturado e preparado para receber seus visitantes. Diferente de muitas cidades americanas, aqui tudo parece elevado — especialmente nas áreas turísticas, onde o cuidado é evidente. É um destino que transmite confiança ao viajante, mas que pede também um olhar atento às suas atrações naturais imponentes, sempre respeitando a força do mar e da paisagem. A língua oficial é o inglês, mas não é raro ver alguém arriscando pelo menos um caloroso “aloha”, palavra que resume a essência de hospitalidade havaiana.



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