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Bonaire: Um Refúgio para Viajantes de Cruzeiro
Embarque em uma jornada inesquecível por Bonaire, um paraíso caribenho que encanta com paisagens deslumbrantes, rica história e experiências autênticas. A ilha oferece desde praias perfeitas para esportes aquáticos até as históricas casinhas de escravos que narram um passado resistente. Neste blog, descubra as maravilhas de Bonaire, explore a vibrante Kralendijk, percorra rotas cênicas e aprenda sobre os esforços de preservação ambiental, tudo enquanto vivencia a verdadeira essência dessa ilha em sua próxima viagem de cruzeiro.
CARIBEKRALENDIJKBONAIREMAR DO CARIBE
The Roaming Purser
11/29/202412 min read
Chegar a Bonaire de Navio
Desembarcar em Bonaire é pisar em um lugar que parece fora do tempo, um refúgio discreto no Caribe. Parte das ilhas ABC (Aruba, Bonaire e Curaçao), essa pequena joia das Antilhas Holandesas impressiona pela simplicidade e pela natureza que está por toda parte — desde as praias de água cristalina até as casinhas que carregam histórias da ilha.
O porto de cruzeiros fica em Kralendijk, a capital, e atracar diretamente no píer facilita muito o desembarque. Não há necessidade de tender: você pisa em terra e já está no centro, com lojas, cafés e agências de turismo a poucos passos. Isso permite explorar a cidade por conta própria, sem pressa, aproveitando cada instante.
O ambiente é tranquilo, sem vendedores insistentes, diferente de outros destinos do Caribe. Ao caminhar pelo calçadão, é fácil sentir a autenticidade do lugar, um contraste refrescante para quem está acostumado com desembarques agitados.




Elisa Magalhães


Kralendijk: O Coração Vibrante de Bonaire
Desembarcar em Bonaire é entrar em um cenário de cores vibrantes, mar cristalino e uma atmosfera tranquila que convida a desacelerar. O porto de Kralendijk é, sem dúvida, um dos mais práticos do Caribe: em poucos minutos de caminhada, já estamos no centro da cidade, cercados por construções coloniais encantadoras, lojinhas e restaurantes à beira-mar.
Se tem algo que gosto de fazer ao explorar um porto a pé é me perder pelas ruas, observando detalhes e sentindo o ritmo do lugar. Em Kralendijk, isso significa caminhar pela Kaya Grandi, a rua principal do centro, cheia de lojas de souvenirs, artesanato e produtos locais. O sal marinho de Bonaire é um dos itens mais tradicionais, e há também joias e obras de arte inspiradas na cultura e nas paisagens da ilha.
Parar para provar a culinária local é sempre um programa que busco. O kabritu stoba (ensopado de cabra) é um dos pratos mais tradicionais, mas quem prefere frutos do mar encontra peixe fresco grelhado de qualidade. O It Rains Fishes é um dos restaurantes que combinam boa comida com uma vista incrível do mar.
Para quem gosta de mergulhar na história e cultura local, o Bonaire Museum of Natural History oferece um panorama interessante sobre a biodiversidade da ilha e seu passado. É uma forma de entender melhor esse pedacinho do Caribe que, apesar de pequeno, tem muito a oferecer.
Seja para explorar as lojinhas, degustar a culinária ou simplesmente caminhar à beira-mar apreciando a vista, Kralendijk tem uma energia que faz a gente se sentir à vontade logo de cara.
Wind and Surf Beach: A Praia Perfeita para os Amantes de Aventura
Saindo do centro de Kralendijk, a cerca de 10 km do porto, chegamos à Wind and Surf Beach, uma das praias mais conhecidas de Bonaire — e não é difícil entender o motivo. O vento constante faz dela um verdadeiro paraíso para o windsurf e o kitesurf, atraindo atletas do mundo todo, especialmente durante a alta temporada. A energia ali é contagiante, com velas coloridas cortando o céu e pranchas deslizando nas ondas, criando um espetáculo vibrante contra o azul intenso do mar.
Mesmo quem nunca tentou esses esportes encontra opções — várias escolas especializadas oferecem aulas para todos os níveis, com instrutores pacientes que sabem exatamente como fazer o iniciante se sentir seguro. Além disso, há equipamentos para aluguel, facilitando ainda mais o acesso para quem quer experimentar essa adrenalina pela primeira vez.
Mas se a ideia é apenas relaxar, essa praia pode não ser a melhor escolha. Eu, que não sou muito fã de vento forte, confesso que não consegui ficar muito tempo por lá. A sensação da areia fina sendo levada pelas rajadas e batendo no rosto, misturada ao constante movimento das ondas, cria um ambiente que exige resistência e disposição. Para mim, que prefiro um lugar mais calmo, Wind and Surf foi um desafio — mas um desafio que me ensinou a admirar a força e a beleza da natureza local.
Ainda assim, a paisagem compensa qualquer desconforto. O contraste entre o azul vibrante do mar, as dunas de areia clara e a vegetação caribenha cria um cenário impressionante, quase selvagem. A luz do sol refletida nas águas e o som do vento moldam uma atmosfera única. Mesmo que tenha permanecido pouco tempo, foi fascinante observar de perto o ritmo dessa praia, tão diferente do restante da ilha e tão cheia de vida.


A Rota Cênica até Rincon
Após deixar a praia, seguimos rumo a Rincon, o assentamento mais antigo das Antilhas Holandesas. Mas antes de chegar lá, é o próprio caminho que se impõe como protagonista. A estrada costeira serpenteia por paisagens que os guias turísticos talvez chamassem de áridas — mas para quem viaja com os olhos abertos, o que se vê ali é pura poesia bruta.
De um lado, a terra batida em tons de ferrugem, coberta por cactos e arbustos baixos que resistem sob o sol impiedoso. Do outro, o mar: ora azul profundo, ora verde esmeralda, sempre presente, como se escoltasse silenciosamente cada curva do trajeto. O contraste entre o seco e o salgado cria uma estética quase cinematográfica.
Pelo caminho, cruzamos pequenos vilarejos com casas simples, coloridas pelo tempo, onde o cotidiano parece seguir outro ritmo. Algumas paradas improvisadas nos levaram a conversar com moradores vendendo frutas locais ou artesanato rudimentar — gestos espontâneos que só enriquecem a viagem. E a cada curva, novos sinais de que ali a natureza ainda dita as regras: iguanas estiradas nas pedras, cabras soltas pastando nas encostas e aves sobrevoando os arbustos com movimentos coreografados.
Essa não é apenas uma estrada entre dois pontos. É um percurso que pede olhos atentos e tempo largo. Uma travessia em que o simples se revela extraordinário, e onde o silêncio é parte do cenário. Em Bonaire, a beleza não grita — ela sussurra. E esse trajeto até Rincon é, talvez, o sussurro mais bonito de todos.


Entre Conchas e Silêncios: Meu Encontro com Rincon
Chegar a Rincon é como fazer uma viagem no tempo — e não daquelas forçadas, criadas para turista ver, mas sim um mergulho sincero em um Bonaire que resiste, discreto e orgulhoso, à margem dos roteiros mais batidos. Fundado pelos espanhóis no século XVI, esse pequeno vilarejo carrega nas ruas de pedra e nas fachadas baixas uma história que ainda respira. A sensação aqui é outra: não estamos mais no cenário vibrante e colorido de Kralendijk, e sim em um lugar onde a vida segue em outro compasso, mais lento e mais autêntico.
De carro, o trajeto entre o porto e Rincon leva cerca de 30 minutos, numa rota panorâmica de aproximadamente 20 km que serpenteia por salinas, falésias e mirantes naturais — o tipo de estrada que convida a parar no caminho, observar e respirar.
Nossa visita ao Bonaire Heritage Foundation foi uma dessas surpresas que só se vive quando se viaja com calma. No Museu Hardin, um daqueles espaços que parecem ter sido montados por mãos cuidadosas e cheias de afeto, fomos presenteados com um momento que ficou gravado: músicos locais tocando conchas do mar. Os sons que ecoavam do instrumento improvisado lembravam uma conversa entre o vento e o oceano — algo primitivo, quase ancestral. Era como se a ilha estivesse nos contando seus segredos.
Se houver tempo (e vontade de escutar o que os lugares têm a dizer), vale a pena caminhar sem pressa, visitar as igrejas antigas, conversar com os moradores, entrar nas pequenas lojas que vendem licores feitos de cactos ou compotas preparadas com frutas cultivadas ali mesmo. Rincon não tenta te impressionar. Ele apenas é. E, justamente por isso, encanta. Cada ruela, cada varanda sombreada, cada olhar trocado parece guardar um pedacinho da história viva de Bonaire.


O Mar Vermelho das Salinas de Bonaire
Saindo de Rincon, seguimos rumo ao litoral sul da ilha, onde nos deparamos com um dos cenários mais impressionantes de Bonaire: as salinas, localizadas a aproximadamente 10 km do centro de Kralendijk. Já da estrada, é impossível não notar o contraste das montanhas de sal branco com a água em tons que variam do rosa ao vermelho intenso. Essa coloração surreal é causada por micro-organismos que prosperam na alta salinidade, criando um espetáculo natural único.
Além da paisagem exótica, a região das salinas abriga uma rica vida selvagem. Pelicanos, garças e os icônicos flamingos de Bonaire encontram aqui um ambiente perfeito para se alimentar e descansar. Observar essas aves em seu habitat natural, com o reflexo do céu nas águas coloridas, é um dos momentos mais tranquilos e fascinantes da ilha.
As salinas fazem parte da longa tradição da extração de sal em Bonaire, um dos pilares da economia local desde o período colonial. Próximas a elas, as históricas casas de escravos testemunham o passado difícil desse comércio, tornando a visita ainda mais impactante.
A qualquer hora do dia, a paisagem é espetacular, mas ao entardecer, os tons vibrantes das salinas ganham uma beleza ainda mais intensa, garantindo fotografias dignas de cartão-postal.


As Casas de Escravos de Bonaire: História Entre o Sal e o Mar
A cerca de 8 km do porto de Kralendijk, ao longo da estrada que leva às salinas de Bonaire, encontram-se as históricas casas de escravos, construídas no século XIX. Pequenas, feitas de pedra e com apenas uma minúscula abertura para ventilação e luz, essas estruturas abrigavam os trabalhadores que extraíam o sal – uma das principais riquezas da ilha naquela época.
O contraste entre a dureza dessas construções e a paisagem paradisíaca ao redor é marcante. De um lado, o azul intenso do mar e as montanhas brancas formadas pelo sal cristalizado; do outro, o peso da história, refletido nas condições rudimentares em que essas pessoas viviam.
Além do simbolismo, o local é um dos pontos mais fotogênicos de Bonaire, especialmente no início da manhã ou no fim da tarde, quando a luz suave do sol realça as cores vibrantes da paisagem. No entanto, mais do que um cenário bonito, esse é um lugar de memória e reflexão, onde o passado da ilha se faz presente em cada detalhe.


Três Praias, Três Climas: As Mais Procuradas de Bonaire
Bonaire pode ser uma ilha pequena, mas quando o assunto é praia, ela se revela imensa em personalidade. Cada faixa de areia parece ter seu próprio ritmo, seu próprio vento, sua própria maneira de receber quem chega. Entre tantas opções, três delas se destacam não só pela fama, mas pelo que oferecem a quem decide estender a canga ou vestir a máscara de mergulho.
1000 Steps – Esculpida na Pedra e na Imaginação
A cerca de 7,5 km do porto de Kralendijk, essa é, sem dúvida, uma das praias mais conhecidas (e fotografadas) de Bonaire. A escadaria de pedra que leva até o mar parece infinita — embora conte com "apenas" 67 degraus — e já cria o clima de aventura que define a experiência por aqui. A vista do topo é daquelas de tirar o fôlego antes mesmo de começar a descer.
Minha visita foi breve, não cheguei a passar horas ali, mas valeu cada passo. O cenário é encantador, com a enseada tranquila emoldurada por falésias e a água num tom surreal de azul. Iguanas aparecem ao longo das escadas e descansam no topo, como parte natural da paisagem — um detalhe que só reforça o caráter único desse lugar.
Mas é importante dizer: apesar do visual ser sereno, essa é uma praia que exige atenção. O mar ali pode parecer calmo, mas tem correnteza forte e acesso difícil, com muitas pedras tanto na areia quanto na entrada da água. Para entrar no mar, é preciso caminhar com cuidado e encontrar um trecho livre de pedras. Não vi salva-vidas por perto e também não havia sinalização visível, o que torna essencial ter alguma experiência com natação em mar aberto. É um daqueles lugares em que a beleza e a força da natureza caminham lado a lado — e exigem respeito.
Sorobon Beach – O Lado Suave do Vento
Localizada na costa leste, dentro da Lac Bay e a cerca de 11 km do porto, Sorobon é a praia ideal para quem busca o equilíbrio entre o movimento e a calmaria. O vento sopra constante, mas sem a intensidade que assusta, tornando o local um dos favoritos para praticar windsurf de forma mais relaxada. A água é rasa por muitos metros, quase uma piscina turquesa onde é possível caminhar com tranquilidade. Fiquei um bom tempo ali só observando o vai e vem dos praticantes na água, o brilho da luz no fundo de areia clara, e o som das velas cortando o vento. Há bares e clubes de praia charmosos, ótimos para uma pausa prolongada com os pés descalços e um drink gelado na mão.
Te Amo Beach – O Nome Já Diz Tudo
Bem próxima ao aeroporto, a apenas 4,5 km do porto de Kralendijk, Te Amo é uma daquelas praias que surpreendem pela simplicidade. Não há grande estrutura, nem filas de cadeiras ou agitação — apenas uma curva suave de areia clara e o azul quase exagerado do mar. É comum ver moradores fazendo piqueniques, turistas em mergulhos livres e aviões pousando ao fundo, compondo uma cena inusitada. Levei um lanche, estendi a canga sob uma das poucas árvores e fiquei ali, em silêncio, sentindo que o nome da praia não é exagero. Ela tem mesmo algo de afeto.


Proteção dos Corais de Bonaire: Uma Regra Que Não Pode Ser Quebrada
Bonaire é mundialmente reconhecida por seus esforços rigorosos de preservação ambiental, especialmente no que diz respeito aos seus recifes de coral. O Parque Nacional Marinho de Bonaire, que cobre toda a costa da ilha, tem regras extremamente rígidas para proteger esses ecossistemas frágeis.
É estritamente proibido coletar ou remover corais, conchas, pedras ou qualquer elemento natural da praia ou do mar, mesmo que pareçam estar mortos. Isso inclui souvenirs encontrados na areia ou submersos nas águas. Essa proibição é parte das leis de conservação da ilha e visa preservar a biodiversidade marinha única de Bonaire.
Se você for pego tentando levar corais ou outros itens naturais de Bonaire para o navio, poderá enfrentar sérias consequências, incluindo multas pesadas ou até problemas legais. Além disso, muitos cruzeiros têm políticas estritas contra o transporte desses itens, já que isso pode violar leis internacionais de conservação.
Dica Importante:
Se você quiser levar um pedaço de Bonaire como lembrança, opte por artesanatos ou produtos locais oferecidos nas lojas, que seguem as práticas sustentáveis da ilha. Assim, você ajuda a proteger esse paraíso para as futuras gerações e evita complicações desnecessárias durante sua viagem.
A melhor lembrança de Bonaire é deixar sua beleza intocada e levá-la em memórias e fotografias incríveis!




Chegamos ao final da nossa viagem em Bonaire…
E que dia incrível foi esse! Bonaire é uma ilha que conquista pela simplicidade, pela forte conexão com a natureza e pelo respeito ao meio ambiente. Com um turismo voltado para a sustentabilidade, a ilha mantém suas praias intocadas, sua rica vida marinha protegida e um charme autêntico que poucos destinos conseguem preservar.
Para quem visita a ilha em uma escala de cruzeiro, o planejamento faz toda a diferença. O clima em Bonaire é quente e seco durante todo o ano, com temperaturas médias entre 26°C e 30°C. A melhor época para visitar vai de dezembro a abril, quando os ventos são mais amenos e o mar está em condições ideais para atividades aquáticas.
Locomoção e escolhas de roteiro
Eu optei por um táxi para explorar os principais pontos da ilha no meu ritmo, mas bem na área do porto há várias operadoras oferecendo passeios organizados para quem prefere mais praticidade. Se fosse hoje, talvez eu fizesse diferente: teria priorizado mais tempo no mar, explorando os recifes e mergulhando nas águas cristalinas que fazem de Bonaire um dos melhores destinos do mundo para snorkeling e mergulho.
Para mim, Bonaire é mais do que um simples destino; é uma oportunidade de se reconectar com a natureza, de mergulhar na história e de se inspirar pela incrível resiliência humana. Com suas praias paradisíacas, rotas cênicas inesquecíveis, vilarejos repletos de charme e um compromisso exemplar com a preservação ambiental, esta ilha oferece mais do que paisagens — ela entrega experiências que tocam a alma.
Ao partir de Bonaire, você não leva apenas fotos deslumbrantes, mas também um novo olhar sobre como história, natureza e humanidade podem coexistir em harmonia. -Obrigada por me acompanhar nessa jornada incrível. Até a próxima!
Se Bonaire foi um refúgio inesquecível, imagine os outros destinos que esperam por você! Continue explorando o blog e encontre o cenário perfeito para sua próxima viagem.

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