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Documentos e Vistos para Cruzeiros: Essenciais Mesmo?
Documentos e Vistos: O Que Aprendi na Prática Sobre Embarques Sem Dor de Cabeça Parece básico, mas não é. Documentação é coisa séria, onde a burocracia reina. Aqui compartilho tudo o que observei (e vivi) sobre documentação exigida nos portos, vistos que ninguém te avisa que precisa, regras escondidas de companhias diferentes e como me organizava para não depender da sorte. Não é um manual oficial, mas é um retrato fiel do que realmente acontece quando você chega com a mala pronta... e o papel errado.
PURSER’S DESK
The Roaming Purser


Durante os anos que trabalhei como purser a bordo de navios de cruzeiro, vi de tudo um pouco quando o assunto é documentação. Passageiros desesperados no terminal por terem esquecido um documento, famílias barradas por um detalhe no nome do visto, e até gente que jurava que “não ia descer em tal país” e acabou voltando pra casa antes da viagem começar. Por isso, resolvi escrever esse post prático, direto ao ponto e com base nas situações que realmente acontecem. Se você quer embarcar tranquilo e curtir seu cruzeiro sem dor de cabeça, leia até o fim. Cada detalhe aqui pode te poupar um baita estresse.


A Base de Tudo: Passaporte e Vistos em Regra
Antes de sonhar com o pôr do sol no mar ou com o jantar de gala, a primeira coisa que você precisa resolver é o passaporte. Ele não é apenas um item da lista — ele é seu ingresso para quase todos os destinos internacionais.
A maioria esmagadora dos cruzeiros fora do Brasil exige passaporte com validade mínima de 6 meses após a data de retorno, e pelo menos duas páginas em branco para carimbos. Mais do que isso: ele precisa estar em bom estado. Já vi casos de passageiros com a capa rasgada ou dados ilegíveis sendo impedidos de embarcar. E quando isso acontece, não adianta chorar no balcão.
Além disso, mesmo que o navio só vá “dar uma passadinha” em algum país — tipo uma escala de poucas horas — o passaporte e o visto exigido por esse país precisam estar com você, válidos e corretos. O navio atracou? É como se você tivesse pisado no país. E aí, a regra vale.


Sobre os Vistos: Um Mundo Dentro de Outro Mundo
Cada país tem sua política de entrada, e quando se trata de cruzeiros, não existe “ah, mas eu não vou descer”. Isso não cola. A simples escala do navio já pode exigir o visto — e isso é algo que as autoridades locais levam muito a sério.
Muitos passageiros ficam surpresos ao saber que alguns vistos precisam ser emitidos com antecedência, inclusive os eletrônicos. E aqui vai um ponto fundamental: o nome no visto deve ser exatamente igual ao do passaporte. Sem abreviações, sem mudança de ordem, sem “ah, mas é só um acento diferente”. Isso já foi motivo de recusa em portos como os Estados Unidos e Japão.
Vistos Eletrônicos: Práticos, Mas Também Exigentes
A facilidade de tirar um e-Visa ou uma autorização eletrônica (como o eTA do Canadá) é tentadora, mas isso não significa que você pode deixar para última hora.
Hoje em dia, países como Austrália, Canadá, Japão, Coreia do Sul, Índia, Sri Lanka, Nova Zelândia e Turquia usam sistemas online de solicitação. Alguns aprovam em poucas horas, outros demoram dias. E o risco está justamente aí: o passageiro confia no “tempo médio de aprovação” e se esquece que problemas podem surgir — erro no preenchimento, falha no pagamento, nome incorreto.
Então, se o seu itinerário inclui um desses destinos, faça o pedido com no mínimo uma semana de antecedência, imprima a aprovação (mesmo que seja digital) e leve com você.
Cruzeiros Nacionais: Mais Simples, Mas Com Regras
Se o roteiro é apenas pela costa brasileira, a documentação é mais tranquila — mas ainda assim requer atenção. RG emitido há menos de 10 anos, CNH com foto atual ou até passaporte válido servem. O problema aparece quando o documento está rasgado, com foto muito antiga ou ilegível. Isso é mais comum do que se imagina.
Outro ponto importante: menores de idade desacompanhados de um dos pais precisam de autorização por escrito, com firma reconhecida em cartório. E não adianta achar que isso é frescura da companhia de cruzeiro — é exigência da Polícia Federal e do Estatuto da Criança e do Adolescente.


A Entrega do Passaporte no Embarque: É Normal, Não Se Preocupe
Em cruzeiros internacionais, principalmente com escalas em Estados Unidos, Europa, Ásia ou Austrália, é comum que a companhia recolha o passaporte logo após o embarque. Isso não é pegadinha, nem risco de extravio.
Na verdade, é um procedimento padronizado para facilitar o processo de controle de imigração em cada país. A equipe do navio organiza os documentos por cabine, por deck, e entrega às autoridades quando o navio chega no porto, e o processo é tão formal quanto num aeroporto.
Fique tranquilo: o passaporte é devolvido no final da viagem ou antes de uma escala específica, conforme a necessidade. A equipe do navio é treinada pra isso. Confie no sistema.


Imigração Marítima: Não Subestime
A entrada em um país não é automática — nem mesmo com visto em mãos
Muitos viajantes acreditam que, tendo o visto válido ou isenção de visto, a entrada em um país está garantida. Mas não é bem assim. A decisão final sempre cabe à autoridade de imigração no momento do desembarque. Já testemunhei, ao longo das minhas viagens, passageiros sendo impedidos de pisar em terra — mesmo com toda a documentação aparentemente em ordem. Bastou que o oficial desconfiasse das intenções, encontrasse inconsistências nas respostas ou identificasse qualquer comportamento fora do padrão para negar a entrada.
E engana-se quem pensa que, chegando de navio, o processo é mais flexível. Na verdade, o controle pode ser ainda mais rigoroso. Companhias de cruzeiro são legalmente responsáveis por todos os passageiros a bordo, e isso inclui garantir que ninguém desembarque de forma irregular. Elas cooperam ativamente com os serviços de imigração e, em casos suspeitos, acionam imediatamente as autoridades portuárias. Tentativas de entrada ilegal ou omissão de informações podem não apenas resultar em recusa imediata, mas também colocar o passageiro em uma lista de pessoas monitoradas, dificultando futuras viagens.
Portanto, esteja sempre com sua documentação correta, saiba exatamente quais são os requisitos de entrada de cada país do roteiro e, acima de tudo, responda com clareza e verdade se for abordado por um agente de imigração. Lembre-se: o navio é um meio de transporte internacional como qualquer outro — e o controle de fronteiras é levado muito a sério.
Cruzeiros na Europa e o Espaço Schengen
Se o seu cruzeiro passa por países da União Europeia, vale entender o tal do Acordo de Schengen. Brasileiros estão isentos de visto para turismo de até 90 dias dentro de um período de 180 dias, mas essa isenção vem com obrigações:
Passaporte com validade mínima de 6 meses
Seguro viagem com cobertura mínima de €30.000;
Passagem de saída do território europeu;
Comprovação de hospedagem (ou carta da companhia de cruzeiro).
Se você tem dupla cidadania e vai usar o passaporte europeu, embarque e desembarque com ele — senão, o registro pode ficar bagunçado e dar problema depois.
Desembarcando na Europa: entenda o Acordo de Schengen antes do seu cruzeiro
Se você é viajante de navio e planeja desembarcar em diversos países europeus durante o cruzeiro, é essencial conhecer o funcionamento do Acordo de Schengen. Esse tratado permite a livre circulação de pessoas entre os países signatários, ou seja, uma vez dentro da chamada “área Schengen”, você poderá transitar entre eles sem passar por controles de passaporte a cada porto. A área inclui grande parte da União Europeia, como Alemanha, França, Itália, Espanha, Portugal, Grécia, Países Baixos, Bélgica, Áustria, Suécia, Dinamarca, Finlândia, Hungria, Polônia, entre outros, além de países não pertencentes à UE como Noruega, Islândia, Suíça e Liechtenstein. Para turistas de fora da UE, como brasileiros, é permitido permanecer até 90 dias a cada 180 dias dentro de todo o bloco. Isso é particularmente importante em cruzeiros longos ou em roteiros que envolvam períodos em terra antes ou depois da navegação.
"Nem todo dia a gente passa pela imigração na China e ainda garante uma foto com o oficial — momento inusitado que virou lembrança!"


Cruzeiros com Escalas nos EUA: Visto B1/B2 é Obrigatório
Aqui é onde muita gente se engana. “Ah, mas o navio só vai parar algumas horinhas em Miami.” Não importa. Se o navio encostar em solo americano, você precisa ter o visto americano B1/B2 válido. E não, brasileiros não podem usar o ESTA — isso só vale para quem tem passaporte de países com isenção formal, como Portugal, Alemanha e Itália.
Vistos de Trânsito ou Específicos para Cruzeiros: Existe, Mas É Limitado
Alguns países oferecem visto de trânsito ou “cruise visa” para quem está em excursões oficiais do navio e vai permanecer por pouco tempo no país. A China, por exemplo, permite isso em algumas cidades, desde que você esteja em um grupo guiado e volte para o mesmo navio.
Outros destinos como Bahamas, Jamaica e Barbados costumam isentar o visto para cruzeiros curtos, mas sempre vale conferir o caso específico. O erro aqui é confiar em regra geral.
Seguro de Viagem: Não É Só Precaução, É Obrigação
Tem gente que ainda acha que seguro de viagem é um “extra” opcional. Em cruzeiros internacionais, não é. É obrigatório em itinerários que passam por:
Europa (Espaço Schengen);
Estados Unidos;
Austrália e Nova Zelândia;
E também em companhias como Costa, MSC, Princess, entre outras.
O seguro precisa cobrir despesas médicas, repatriação (sanitária e funerária), assistência jurídica, extravio de bagagem e cancelamento de viagem. Em alguns casos, a companhia só aceita o seguro se for comprado com ela — verifique no momento da reserva.
Já vi passageiros sendo impedidos de embarcar por não apresentarem o comprovante impresso. É sério. E isso vale até mesmo para os que “achavam que estava tudo certo no celular”.
Atualização Constante: Regras Mudam (E Rápido)
Se tem uma coisa que aprendi nesses anos de bordo, é que as regras de imigração mudam o tempo todo. Às vezes, o país altera a exigência de visto de uma semana para outra. Outras vezes, a companhia muda a política interna e passa a exigir seguro obrigatório.
Por isso, minha dica é clara: nos 10 dias que antecedem o embarque, acesse o site oficial da companhia e confira tudo. Mesmo que você tenha comprado com uma agência de viagens, confirme diretamente com a operadora. O agente pode ser excelente, mas não dá pra correr o risco com base em informação desatualizada.
"Clássica foto do visto B1/B2 — aquele dia em que o relógio correu mais que eu, e o resto… também não ajudou muito. Mas o charme mesmo tá no C-1/D: o visto que permite sair e voltar pro navio rapidinho!"


E Quanto Custa Tudo Isso? O Peso dos Vistos no Bolso do Passageiro
Os vistos não são apenas uma etapa burocrática — eles também têm custo, e em alguns casos, nada simbólico. Muita gente planeja o cruzeiro contando só com a tarifa, os passeios e os drinks a bordo... mas esquece de incluir no orçamento os trâmites legais. Aí, quando vê, já tá desembolsando mais do que imaginava — e sem ter muita escolha.
Durante meu tempo como purser, era comum ver passageiros pegos de surpresa na hora do check-in ou mesmo durante a viagem, quando aparecia na fatura aquele valor do "visto incluído pela companhia" ou um aviso de que precisam correr atrás disso ainda no porto. E a dor de cabeça, quando isso acontece de última hora, é das grandes.
Aqui vão alguns valores médios de vistos, com base no que costuma ser cobrado para brasileiros em cruzeiros com itinerários internacionais. Mas atenção: esses valores são referência geral e podem mudar a qualquer momento. Sempre consulte o site oficial do consulado ou da companhia de cruzeiro antes de emitir qualquer documento.
Valores aproximados de vistos mais comuns (dados de 2025):
Visto americano (B1/B2): cerca de US$185, emitido via consulado com agendamento prévio.
eTA para o Canadá: aproximadamente CAD 7 (obrigatório para entrada aérea, mas pode ser exigido em cruzeiros).
e-Visa para a Austrália: varia entre AUD 20 e AUD 150, dependendo da categoria e nacionalidade.
e-Visa da Índia: entre US$25 e US$80, dependendo da duração e tipo de visto.
NZeTA (Nova Zelândia): cerca de NZD 17 via app ou NZD 23 pelo site, + NZD 35 de taxa ambiental (IVL).
Sri Lanka (ETA): geralmente entre US$35 e US$50.
Visto marítimo para Dubai (Emirados Árabes): entre US$60 e US$100, muitas vezes cobrado pela própria companhia no check-in.
⚠️ Importante: Sempre confira no site oficial
Os valores acima são estimativas com base no que era praticado até o início de 2025. Como cada país pode atualizar suas taxas a qualquer momento, consulte sempre os sites oficiais das embaixadas, consulados ou da própria companhia de cruzeiro para ter os dados atualizados e válidos para o seu itinerário.
E um último conselho, direto de quem viu muita coisa lá dentro do navio:
"Não espere pela última hora. Visto é igual a vacina: você só sente falta quando precisa. Planeje com antecedência, faça as contas e viaje com tudo em dia — inclusive no bolso."


No Fim das Contas… É a Sua Documentação que Garante a Viagem
O Cruzeiro é mágico, sim. Mas só quando começa de verdade — e isso só acontece com a documentação correta. Não subestime esse detalhe. Um visto esquecido, um passaporte vencido ou um nome diferente já foram motivos suficientes para impedir passageiros de embarcar.
Então, prepare-se como se estivesse indo para o aeroporto mais exigente do mundo — porque em muitos casos, o cruzeiro é ainda mais rigoroso.
Aproveite o mar, o navio, as experiências... mas com tudo em ordem. É aí que a viagem fica realmente tranquila.
Revise seus documentos hoje mesmo e embarque na sua próxima viagem com a tranquilidade que ela merece.
Se você curtiu essas dicas, saiba que estou preparando conteúdos regularmente para a seção Purser’s Desk aqui no blog. Lá, compartilho insights exclusivos e experiências direto do universo dos cruzeiros, para deixar suas viagens ainda mais seguras e inesquecíveis. Fique de olho — tem muito mais vindo por aí!

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